Treino de marcha e suporte parcial de peso: benefícios clínicos e ergonomia

O treino de marcha combinado com suporte parcial de peso é uma estratégia cada vez mais utilizada na fisioterapia neurofuncional para ajudar pacientes com comprometimento motor a recuperar padrões de marcha mais eficientes. Ao permitir repetições seguras e progressivas, essa abordagem atua diretamente nos mecanismos da neuroplasticidade — favorecendo ganho de velocidade, resistência e confiança para caminhar. Estudos indicam que esse tipo de treino pode gerar benefícios em diferentes perfis de pacientes neurológicos, incluindo pós-AVC e crianças com paralisia cerebral (Ada & Foongchomcheay, 2002; Chirolli et al., 2024).

Como funciona, em poucas palavras

O sistema consiste basicamente em uma esteira adaptada e um sistema de suspensão que reduz parcialmente o peso corporal do paciente. Isso permite trabalhar a marcha com menor risco de queda, maior controle postural e possibilidade de intensificar o treinamento sem sobrecarregar estruturas lesionadas.

Benefícios clínicos para o paciente

  • Aumento da velocidade e resistência de marcha: Ao aliviar parte do peso, o paciente consegue realizar passos mais simétricos e manter sessões mais longas, o que tende a melhorar velocidade e distância percorrida.
  • Prática repetitiva e segura: Repetições são essenciais para promover reorganização neural; o suporte parcial favorece a repetição de padrões motores com menor risco de lesão.
  • Redução do medo de cair: A sensação de segurança durante o treino aumenta a confiança do paciente, facilitando maior empenho e melhor desempenho funcional.
  • Adaptação progressiva: A intensidade pode ser ajustada gradualmente (redução do suporte, aumento da velocidade), permitindo evolução individualizada conforme a recuperação avança.
  • Versatilidade para diferentes quadros neurológicos: Desde pacientes pós-AVC até condições neurodegenerativas em estágios selecionados, o sistema permite adaptar protocolos conforme objetivos clínicos.

Em estudos clínicos, crianças com paralisia cerebral submetidas ao treino com suporte parcial de peso em esteira mostraram melhora significativa na função motora grossa (ex.: rolar, sentar e engatinhar) e na flexibilidade, confirmando a eficácia do método também em contextos pediátricos (Chirolli et al., 2024).

Benefícios para o fisioterapeuta e para a clínica

  • Maior controle do processo terapêutico: Parâmetros como velocidade, grau de suporte e tempo de sessão são facilmente mensuráveis, possibilitando protocolos padronizados e monitoramento objetivo da evolução.
  • Menor desgaste físico do profissional: Sistemas bem projetados reduzem a necessidade de suportar manualmente o paciente, minimizando esforços repetitivos e riscos ergonômicos para a equipe.
  • Melhor uso do tempo clínico: Ajustes rápidos e automação parcial permitem que a equipe conduza mais sessões com eficiência, mantendo qualidade técnica.
  • Diferenciação do serviço: Clínicas que oferecem treino de marcha com suporte parcial ganham competitividade ao demonstrar compromisso com tecnologia e resultados mensuráveis.

Pontos ergonômicos essenciais

Ao avaliar ou implementar um sistema de suporte parcial de peso, atente-se a recursos que impactam diretamente a prática segura e eficiente:

  • Ajustes rápidos e precisos: altura, posição do arnês e pontos de ancoragem devem ser fáceis de regular para diferentes biotipos.
  • Conforto do arnês: materiais e formatos que evitem compressões locais e permitam movimentos naturais.
  • Controles intuitivos: interface que permita ajustes durante a sessão sem interromper a movimentação.
  • Estabilidade da plataforma: esteira com superfície adequada e sistemas de segurança bem dimensionados.
  • Facilidade de transferência: acesso para cadeira de rodas e pontos de apoio que facilitem a entrada e saída do paciente.
  • Manutenção e higiene: superfícies de fácil limpeza e componentes de fácil remoção para higienização.

Como integrar o treino ao plano de reabilitação

  1. Avaliação inicial: documente capacidade funcional (velocidade de marcha, equilíbrio, tolerância) e objetivos do paciente.
  2. Definição de parâmetros: estabeleça velocidade inicial, grau de suporte e duração da sessão, sempre com metas progressivas.
  3. Registro de evolução: anote medidas objetivas e percepção do paciente (conforto, segurança) a cada ciclo.
  4. Ajustes e transição: reduza progressivamente o suporte conforme melhora, integrando treino em solo e tarefas funcionais fora da esteira.
  5. Treinamento da equipe: capacite todos os profissionais para ajustes seguros, monitoramento imediato e resposta a sinais de desconforto.

Indicadores para medir impacto

  • Velocidade de marcha confortável e máxima (m/s)
  • Distância na caminhada de 6 minutos (m)
  • Escalas de equilíbrio e risco de queda
  • Número de sessões completadas por período (adesão)
  • Relatos de conforto e segurança do paciente e do fisioterapeuta

Perguntas rápidas

É indicado para todos os pacientes neurológicos?

Não automaticamente. É adequado para muitos pacientes com déficit de marcha, mas cada caso deve ser avaliado quanto à estabilidade clínica, padrões motores e objetivos terapêuticos.

O equipamento substitui exercícios fora da esteira?

Não. O treino em esteira é um componente que facilita repetições e controle; a reabilitação ideal integra exercícios em solo, treino funcional e atividades de vida diária.

A equipe precisa de muito treinamento?

Um treinamento prático e protocolos claros tornam a implementação eficiente; prefira fornecedores que ofereçam suporte técnico e instruções didáticas.

Conclusão

O treino de marcha com suporte parcial de peso é uma ferramenta potente para a fisioterapia neurofuncional: promove prática repetitiva segura, melhora parâmetros funcionais e reduz carga física sobre a equipe. Quer implementar essa tecnologia na sua clínica? Conheça a linha de equipamentos i9 Neuro e entre em contato conosco para mais informações.

Referências

  • Chirolli, M. J., Reitz, G. S., Pinheiro, L. B., Gantzel, L. C., Lunardelli, B. S., & Roesler, H. (2024). Efeitos do treino de marcha por meio do suporte de peso corporal em crianças com paralisia cerebral. UDESC. Disponível em UDESC Repositório 
  • Ada, L., & Foongchomcheay, A. (2002). Efficacy of rehabilitation after stroke: a meta-analysis. Stroke, 33(11), 2728–2736. Disponível em AHA Journals 
  • Langhorne, P., Bernhardt, J., & Kwakkel, G. (2009). Stroke rehabilitation. The Lancet, 373(9678), 1693–1702. Disponível em ScienceDirect 
  • Willoughby, K., Dodd, K. J., & Shields, N. (2022). Effectiveness of Partial Body Weight-Supported Treadmill Training in children with cerebral palsy. Pediatric Physical Therapy, 34(1), 56–65. Disponível em PubMed Central 
  • Choi, H., et al. (2022). Which gait training intervention can most effectively improve gait velocity in children with cerebral palsy? Frontiers in Neurology, 13, 1005485. Disponível em Frontiers 
  • Dodd, K. J., & Foley, S. (2007). A systematic review of treadmill training and partial body weight support in children with cerebral palsy. Journal of Neurologic Physical Therapy, 31(3), 116–123. Disponível em LWW Journals 

Noble, E. (2017). Adding resistance to BWSTT improves gait in cerebral palsy. Rifton Education Center. Disponível em Rifton

Publicado por: i9 Neuro